UFC ou Telecatch, como o MMA virou marmelada

UFC ou Telecatch, como o MMA virou marmelada

A derrota de Anderson “Spider” Silva no último fim de semana para Weidman, foi apenas a pá de cal sobre a descaracterização do esporte promovida por Dana White e companhia, transformando tudo num grande teatro onde o que vale é ganhar cada vez mais dinheiro, mesmo que seja manipulando resultados, forjando novos ídolos, novas revanches que certamente encherão ainda mais os cofrinhos de White.

Sem desmerecer Weidman ou superestimar as qualidades de Spider, o fato é que as lutas de Spider já não rendiam o que podiam render, ninguém botava fé que outro lutador pudesse derrubá-lo, de modo que as expectativas sobre suas lutas se tornaram mornas e, consequentemente, menos rentosas.

Como resolver isso, e requentar esse interesse? Derrubando o campeão, e criando toda uma nova aura de busca pela revanche, pelo retorno ao topo, que renderá, como deve se esperar, muito mais dinheiro que as manutenções de título de Spider.

Isso já havia sido feito habilmente por White com a perda do cinturão de Cain Velasquez para Junior Cigano e toda a epopéia para recuperação do mesmo que rendeu graúdos dividendos à Dana White.

Tudo isso nada tem de novidade, afinal lutas teatralizadas sempre foram bem recebidas pelo povo desde a Roma antiga, os telecatches dos anos 70 e 80 assim como a sobrevivência por décadas da WWF e suas acrobacias mirabolantes, entretanto há uma diferença: No UFC eles tentam ser levados à sério e ai a coisa complica.

Complica porque um esporte sério não poderia ser feito com lutadores contratados todos pelo mesmo patrão que define quem luta com quem, quem ganha de quem, mas sim através de Associações e Federações, onde os lutadores são associados e não empregados, onde há critérios claros para a definição das lutas e os consequentes rankeamentos, assim como, o indispensável, auditoria externa.

Desta maneira se as Artes Marciais Mistas querem ser mais do que uma coqueluche e se consolidar como um esporte, urge que os lutadores parem de agir como atores canastrões e passem a agir com seriedade, formando instituições sérias em vez de vender o passe para serem mais uma atração no circo de horrores de Dana White e outros.

Franklin Maciel